Nem temor nem piedade.
É preciso verdadeiramente ser um herói? Especialmente se você tiver nascida filha.
“Chorei bastante por ser uma menina!”
Ao que Ismene, como ‘verdadeira’ menina, respondeu: “Você deseja coisas impraticáveis”.
Filha do pai, Antígona o demonstra post mortem isso que é a lei, a verdadeira.
Sob o pretexto dos deuses, ela enterra Polinice, seu “bem”, seu duplo incestuoso, porque “é seu irmão ». Isso é tudo.
Não. É também seu sobrinho, o traço da falta: cegueira afetada do pai diante dos presságios, amor cego da mãe por seus filhos, todos meninos.
“Essa vítima tão terrivelmente voluntária », nunca é silenciosa diante de Creonte atordoado: “… de nós dois, é ela que seria o homem se eu a deixasse triunfar impunimente”.
Tão inflexível como seu pai, rugiu o coro.
Difícil de conceber como mulher, e no entanto ela (o) é, somente na passagem à morte que ela o reconhece, lamentando-se de não ter sido nem amante, nem mãe.
Além disso,
Hemon só pode reunir-se com ela no fora do lugar da sexuação que a adoece.
Falsa Narcisa, ela o olha em seus lagos.
Não haveria um desejo ao qual ceder para não ceder de seu desejo?
Citações extraídas de Antígona de Sófocles e de O Seminário 7 : a ética da psicanálise, de Jacques Lacan, lições XIX e XXI.
Tradução Andréa Brunetto